PARA REFLETIR:

Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.

Paulo Freire

sexta-feira, 16 de julho de 2010

REFLEXÕES SOBRE ESTÁGIO

PALAVRAS INICIAIS




Vivenciar todos esses momentos na escola foi muito especial e por que não dizer essencial para minha formação, já que esta o estágio de regência, torna-se uma das etapas de nossa formação mais importantes, por torna-se um momento de reflexão, ação e reflexão. Não só por esse momento nos proporcionar conhecer a escola como um todo, mas por possibilitar um encontro entre a teoria e a prática.

Para isso o nosso estágio foi divido e/ou organizado em três momentos: observação, diagnóstico e regência. No período de observação tivemos um olhar direcionado para a escola como um todo. Analisamos o portão da escola, a estrutura física, o pátio, o recreio, os recursos humanos e conhecemos como é o trabalho da gestão escolar, da coordenação pedagógica, e da docência. Todas essas observações permitiram reflexões acerca de todo o processo educacional.

Durante as observações em sala de aula percebemos que o ensino além de estar voltado para concepções tradicionais, o ensino é passado de forma fragmentada e descontextualizada.

A princípio percebemos a dificuldades dos alunos em desenvolver seus conhecimentos, e um grande déficit em relação à leitura e a escrita, mas não nos cabe fazer conclusões acerca do que gera essas dificuldades, uma vez que o tempo de observação foi muito curto e também por não conhecermos bem a realidade social dos alunos.

Portanto, diante de tudo observado só fez reforçar aquilo que acreditamos que é o ensino interdisciplinar e contextualizado, uma vez que as relações construídas fora do contexto escolar são relações feitas como redes que se interligam, e o conhecimento vão se construindo desta forma. A escola jamais pode negar essa forma e essa realidade dos seus alunos, e continuar fragmentando o conhecimento, tolhendo seus alunos de plena participação social, uma vez que ela é uma instituição social formadora de opiniões e não um agente de controle social.



PERFIL DA TURMA


 
A turma que atuei, era alunos oriundos do 5º ano do Ensino Fundamental I, vespertino do Instituto de Educação Régis Pacheco, está é composta por 33 alunos, sendo uma turma atípica, pois apresentava um alto índice de distorção idade x série, por isso, apresentavam-se desmotivados, já que os assuntos que a escola estava trabalhando já não despertava o interesse do mesmos.

Assim buscando conhecê-los um pouco mais aplicamos um questionário sócio cultural econômico, onde obtemos os seguintes resultados: os alunos são provenientes dos bairros Jequiezinho, São Judas Tadeu, São Luis e Campo do América, com uma faixa etária que oscila entre nove e dezesseis anos, o que demonstra a distorção idade/série, a maioria dos alunos são católicos e evangélicos, possuem uma estrutura familiar padrão (pai, mãe e irmãos), onde quase todos integrantes trabalha para compor a renda familiar, fato este que faz com que a maioria dos alunos venha sozinho para a escola e com que, seus familiares não participem das reuniões promovidas pela escola, contudo, os educandos demonstram estar socializados com os colegas e professor, apresentam gosto pela escola, devido a merenda, disponibilidade de recursos didáticos “livros”, interação com os colegas e estrutura física, no entanto dizem que a instituição de ensino deveria melhorar o mobiliários da sala e os ventiladores, assim como reduzir a quantidade de alunos por sala e disponibilizar uma docente mais motivadora e que os ajudassem a descobrir o mundo da leitura, uma vez que, apesar da vontade de aprender a ler, muitos ainda não o fazem, adoram brincar e praticar esportes com os colegas, as maiores dificuldades apontada pelos alunos são os conteúdos abordados pelas disciplinas português, matemática e geografia, apesar disso, dizem gostar mais das disciplinas Língua Portuguesa e Matemática, os mesmo dizem não apresentam traumas nem fazerem uso de medicamentos. Assim concluír que o perfil sócio econômico cultural de nossos alunos, condiz com o da maioria dos alunos ingressos nas escolas publicas brasileiras.



ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA EDUCAÇÃO DA VIDA DOS ALUNOS

A educação tem se tornado cada vez mais presente na dinâmica das práticas sociais, caracterizando-se por sua vasta amplitude e extensa variedade de processos, sejam eles no campo da educação formal ou informal.

“Só existira democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara democracias. Essa máquina é a da escola pública.” ( Anísio Teixeira). Assim como nesta citação o Brasil no período Republicano procurou revitalizar a educação popular redirecionando os padrões didáticos pedagógicos incentivados pelas idéias da escola novista que fracassaram devido ao Estado Novo e a supremacia dos Estados Unidos da América no mundo.

Devido às transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas no cenário mundial, o Brasil no período republicano passou a atentar-se para a educação, especialmente a de base, pois esperava que os problemas sociais existentes só pudessem ser solucionados através da extensão da escola elementar ao povo, sendo assim o alto índice de analfabetismo passou a preocupar os republicanos.

Com isso fez-se necessário uma reorganização didática e pedagógica da escola tendo como a principal mudança uma educação democrática que expressasse liberdade, com um currículo adaptado ao contexto escolar e que tivesse o aluno com centro dos objetivos.

No Estado novo, com a Constituição de 1937, ocorre um retrocesso nas conquistas do movimento renovador do ensino, pois o Estado passou a ter um papel secundário na educação, desta forma, após Getúlio ser deposto, com a instalação da supremacia americana gera-se um novo conceito em educação devido à forte influencia de Paulo Freire como uma pedagogia da humanização, transformadora e libertadora do homem oprimido.

Outro aspecto que podemos observar é ao analisarmos o sistema educacional encontramos facilmente a forte presença da teoria desenvolvida pelo psicólogo Lev Vygotsky principalmente em sua dimensão social, já que o mesmo preocupa-se fundamentalmente com a interação social, pois é no plano inter-subjetivo, ou seja, nas trocas do sujeito/ objeto social, que originam as funções mentais superiores.

Vygotsky assim como os grandes pensadores da educação atual defendem a idéia que quanto maior for o aprendizado, maior será o desenvolvimento, porém eles chamam a atenção de que isso não justifica o ensino enciclopédia, pois a pessoa só aprende quando as informações fazem sentido para ela já que o papel do meio social e cultural, não é ativador, mas de formador das funções psicológicas.

Sendo assim, a escola não pode ficar alheia as mudanças profundas e aceleradas que ocorrem na sociedade, uma vez que está tem uma profunda importância pois é capaz de instrumentalizar os alunos para que estes possam intervir na atual sociedade e provocar as mudanças necessárias para amenizar os altos índices de desigualdade social, que assola a nossa sociedade.

Deste modo, algumas reflexões foram passando por minha mente ao término da pesquisa para elaboração do projeto de intervenção de estágio, entre muitas idéias, que mesmo diante das dificuldades encontradas, é imprescindível ao professor que ele deixe a simples ação de executar se tornado um ser passivo e passe a pensar e/ou repensar a sua pratica se tornado ativo, de forma que ele conheça as questões da educação, nos aspectos histórico, sócio-cultural e reconheça o seu aluno nas questões afetivas, cognitiva e social, refletindo assim criticamente sobre o seu papel e identidade.



EMFIM O ESTÁGIO DE REGÊNCIA


 


O estágio de regência teve inicio no dia três de maio, onde eu e minha colega de estágio Sayonara Fernandes, trabalhamos com um projeto de leitura intitulado “ No ritmo da música embalamos sonhos e tecemos leitores”, objetivando cumprir as exigências da disciplina de Práticas Pedagógicas no Ensino Fundamental, ministrada pela professora Socorro Cabral Pereira.

A escolha do projeto de leitura, tendo como gênero textual, a música, justificou-se, por saber da importância da leitura na sociedade contemporânea, e por a música estar presente no cotidiano de cada indivíduo, tentamos transformar a sala de aula num espaço de leitura estimulando e explorando os vários sentidos do texto de forma que se faça a leitura prazerosa e significativa.

Para Resende (1993), também concebe a leitura como possibilidade de abertura ao mundo e caminho para um conhecimento mais aprofundado do leitor sobre si mesmo, no entanto ele conceitua a leitura como:
 
[...] um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas camadas simbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior com mais claridade. Entra-se no território da palavra com tudo o que se é e se leu até então, e a volta se faz com novas dimensões, que levam a re-inaugurar o que já se sabia antes (p. 164).
 
Com isso percebe-se que a leitura é imprescindível na vida das pessoas e que a escola tem uma grande função em formar cidadãos letrados e seguros de sua linguagem escrita, para estar preparado para o uso individual e para as demandas da sociedade, pois para a escola conseguir um bom resultado de cidadãos alfabetizados é preciso que haja práticas de ensino de leitura e escrita.

Assim fomos caminhando a cada dia, durante a primeira semana muitos desafios e reflexões foram surgindo, pois encontramos alunos desmotivados, sem perceber, qual a verdadeira função da escola em suas vidas. Já que estes em sua maioria eram repetentes e tinham a escola como um ato mecânico, sem prazer. Contudo está primeira semana nos serviu de espelho para notamos que as intervenções do projeto estavam motivando e elevando o grau de interesse da turma. Desta forma nossas reflexões nos lembram os estudos sobre as categorias de Fuller (1969) e dos problemas de Veenman (1984), que apontam a desmotivação dos alunos pelo o aprendizado como um dos desafios do educador. Os assuntos abordados por estes teóricos também foram sentidos por nós, tais como: turma numerosa, relação entre os colegas, gestão das diferenças individuais dos alunos, gestão dos problemas individuais dos alunos, determinação do nível de aprendizagem dos alunos, e alunos com baixo ritmo de aprendizagem, avaliação dos trabalhos dos alunos.

Contudo, continuamos prosseguindo no estágio, para isso buscamos fazer diversas atividades, como dinâmicas de apresentação e motivação, receitas (beijo caboclo), diversas formas de leituras sendo que os mais usados foram : a leitura decifratória é aquela em que a atenção e o esforço do leitor se dissipam principalmente na decifração. É típica de indivíduos que estão se familiarizando com o código como os que estão sendo alfabetizados ou aprendendo uma segunda língua; Leitura fonológica, praticada tanto verbal como mentalmente, é a tradução de um código visual para um código acústico. O signo visual é convertido em fonema, palavra, frase; Leitura integral é feita palavra por palavra, linha a linha, sem qualquer pretensão; Leitura seletiva, o leitor tem objetivos previamente estabelecidos, como encontrar palavras-chave e elementos de seu interesse.
 
Outro ponto alto do nosso estágio, foi a utilização de vários recursos didáticos que instrumentalizava, a nossa aula para que ela torna-se mais significativa para nossos alunos, o trabalho em grupo, duplas e trios também foi contemplado com o objetivo dinamizar o processo de socialização de nossos alunos, assim construímos maquetes, produzimos mapas, cartazes e diversos matérias concretos para o trabalho com a matemática.

Assim, foram se passando os vinte dias letivos que passamos juntos e ficou a certeza que boa parte de nossos objetivos foram alcançados e que a escola necessita realizar um projeto diferenciado buscando atender a demanda destes alunos que ainda não estão alfabetizados e que necessitam vê sua auto estima regatada.



ENCERRAMENTO DO ESTÁGIO
 
Nosso estágio teve sua culminância, no dia 26 de maio com uma exposição das produções de nossos alunos durante o estágio (Banner com a biografia do cantor homenageado, exercícios, avaliações, trabalhos em grupo, e telas que os alunos pintaram representando a compreensão da música trabalhada e escolhida pela sala) seguida de apresentações cenicas no auditório do IERP. Como trabalhamos com o projeto de música, cada dupla ficou responsável pela apresentação de um gênero musical, que foi dividido da seguinte maneira: Sayonara e Fernando com forró; Ivonélia e Janyne com sertanejo; Eliana e xavier com Gospel; Tiara e Aline com MPB e Graziela e Luana com Axé. Após este momento foi servido um lanche típico baiana toda comunidade escolar.
 
Este foi um momento rico e de grande emoção e alegria, pois sintetizou o aprendizado de nosso alunos durante os dias de estágios, mostrando que uma escola viva é capaz de transformar um sala de aula desmotiva em uma turma com alunos ativos e participantes, com sede de conhecimento de vida.

 
REFLEXÕES COM BASE NO ESTÁGIO SOBRE INSTRUMENTOS PARA UM ENSINO DE QUALIDADE

 
A função primordial da escola é ensinar. Se os alunos não aprendem, o problema está na escola: na forma como ela funciona e na forma como se organizada.

Desta forma uma escola eficaz deve apresentar as seguintes características: senso de missão, Bons professores, ênfase na aprendizagem, expectativas elevadas, consistência, avaliação, ambiente agradável e ordeiro, presença, exemplo e abertura a comunidade. Para que isso ocorra faz-se necessário à elaboração de alguns instrumentos, que devem ser escolhidos e utilizados no cotidiano da Unidade de Ensino, tais como: O Projeto Político Pedagógico; o Plano de Desenvolvimento da Escola; Plano de Curso; Plano de Aula; recursos materiais e didáticos; e instrumentos de avaliação.

A autonomia da escola é uma construção social e política, que se dá pela interação dos diferentes atores, do sistema e das escolas, num processo democrático que supõem liberdade, participação, pluralismo e responsabilidade. O Estabelecimento de Ensino conquista a autonomia na vivência da Gestão democrática, assumindo seu papel educativo na formação de uma “comunidade da escola”, abrangendo dirigentes, professores, funcionários, alunos, pais , vizinhança, associações, lideranças locais, empresas, que será aliada na tarefa educativa e na empreitada de zelar pelo patrimônio que é de todos: o conhecimento e a própria escola.

Para isso, a escola necessita ter a sua frente um gestor com uma visão de estratégia e conjunto, que tome decisões eficazmente, desenvolvendo um trabalho com organização e planejamento, mostrando conhecimentos da política e da legislação educacional com competência tanto administrativa quanto pedagógica, estando assim apto a controlar, monitorar e avaliar todo o processo.

Um outro alicerce para a qualidade de ensino é a proposta pedagógica que deve iniciar pela reflexão sobre importantes questões: O que a escola deve ensinar para atingir seus objetivos educacionais? Como a escola se propõe a ensinar, para que os alunos aprendam? Como se articulam as diversas pessoas e atividades da escola? Como a escola se propõe a avaliar o resultado do seu trabalho, tendo em vista a aprendizagem dos alunos?

Para refletir sobre estas questões faz-se necessário o conhecimento sobre as principais diretrizes que a escola tem que seguir ou que servem de orientação. Tais como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, conhecida como a Lei de Darcy Ribeiro, leis estaduais e diretrizes da Secretaria de Educação, ou de Conselhos de Educação.

A partir deste conhecimento a escola define como vai organizar o ensino, dentro de cada nível (pré-escola, fundamental e médio): por séries, ciclos ou outra forma de organização. Para cada série ou ciclo definirá as disciplinas ou áreas de estudo, os conteúdos e objetivos a serem alcançados a cada ano. Fundamentando desta forma as razões para a escolha da forma de enturmação, programas e currículos, métodos e técnicas de ensino, a integração entre pessoas e atividades da Unidade de Ensino.

Desta maneira outra base importante para a qualidade de ensino é o currículo, por entender que este é o elemento central do projeto pedagógico, pois ele viabiliza o processo de ensino e aprendizagem. Assim sendo a elaboração do mesmo consiste em um processo social, no qual convivem face a face os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e determinantes sociais como o poder, conflitos, propósitos de dominação ligados a fatores relevantes que proporcionam a desigualdade social.

Outro embasamento da escola eficaz é avaliação dos resultados que deve conter, o julgamento do rendimento dos alunos assim como verificação de outros aspectos do currículo e da proposta pedagógica, já que estes devem ser percebidos como um território a ser contestado diariamente, pois e por meio deles que podemos pensar e legitimar o conhecimento.

Diante disto, cabe aos educadores, especialmente aos gestores fazerem com que os princípios da educação garantidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sejam cumpridos, desenvolvendo desta forma as características e instrumentos de uma escola eficaz para que o aluno tenha um conhecimento que o torne um ser experiente de sua aprendizagem, pois a mesma está em toda parte do mundo, e que essa mesma educação invade nossa vida. Formando assim um cidadão Critico e participativo, o qual é capaz de pensar e exercitar o seu direito de cidadania de tal modo que possam reivindicar seu direito, influenciado assim na sociedade da qual ele é um sujeito ativo e que se encontra em contates mudanças, alcançado deste modo, a função primordial da escola que é ensinar.












segunda-feira, 1 de março de 2010

Um pouco de minha essência

Filho de uma família de comerciante de um tradicional bairro de Jequié, o Joaquim Romão. Do lado materno, a referência era a determinação da Jovem Senhora, que só estudara até a 3ª série do primeiro grau, porém trabalhava como balconista no bar de nossa família. Do lado paterno, a referência era a persistência, resistência de um jovem negro que havia ficado órfão de seu pai aos sete anos de idade e que consegui dar a volta por cima e se tornara um pai de família exemplar, apesar de todo o sofrimento vivenciado desde a infância até o fim de sua adolescência. Um excelente pedreiro e um bom comerciante mesmo só tendo estudado até a 4ª série do antigo primário.

Ter nascido desta união tem um significado muito especial, que não pode ser traduzido por qualquer forma de racionalização sobre a minha história de vida, que se concretiza a cada dia vivenciando a minha família, que também é composto pelos meus dois irmãos que me ensina a cada dia uma nova lição de vida e me faz refletir sobre meus valores. Mesmo que o tempo passe e as pessoas mudem, as experiências que são vivenciadas ao longo desta vida, desde a mais tenra idade compõem a nossa própria essência, condiciona e provoca os nossos sonhos, são referências para nossas perspectivas.

Pensando nesta história de vida, a sensação é que não deixei de ser aquela criança com uma infância marcada por limitações de todas as ordens, mas com uma alegria muito grande de conviver com pessoas de diferentes, cores, credos e idades e que provocaram em mim o gosto de sonhar, produzindo novos sentidos para a vida, indo além do que as condições concretas de existência naquela época favoreciam.

3.1.2 A minha amada escola

Entrar na escola foi algo muito marcante na minha vida. Ainda me lembro das primeiras aulas na Escola Belém de Jequié, ministrada pela professora Gel, onde cursei a alfabetização e a primeira série do ensino fundamental. A princípio achava que a vontade e o prazer de estar na escola devia-se a liberdade então proporcionada pela mesma. Logo depois, comecei a perceber que mesmo quando estava em casa a minha brincadeira predileta passou a ser a imitação do que ocorria na sala de aula.

A partir da segunda série tive a oportunidade de estudar em uma escola pública, o Grupo Escolar Professora Floripes Sodré, onde desenvolvi várias habilidades com a ajuda da professora Marilúcia. Porém, tive algumas dificuldades em fonética e ortografia, explicada muito bem por Emília Ferreira.

O tempo passou e em mil novecentos e noventa e cinco. No Colégio Estadual Professor Magalhães Neto engrecei no antigo ginásio, proporcionando uma emoção muito grande. Lá formei a minha personalidade desenvolvendo assim, meu instinto para liderança e a vontade, mesmo com muitas dificuldades de me comunicar oralmente, já que trazia comigo algumas dificuldades ortográficas, fonéticas e neste instante também em matemática.

Algum tempo depois, mais precisamente em mil novecentos e noventa e oito, surgiu a necessidade de minha família mudar-se para o bairro São José, tendo assim de vivenciar o novo desafio de conviver com pessoas até então, totalmente desconhecidas para mim. Agora na oitava série do Ensino Fundamental fui estudar em uma conceituada escola pública de minha cidade, chamada carinhosamente por muitos de IERP (Instituto de Educação Régis Pacheco). Foi lá que descobrir a verdadeira vocação de ser professor. Tudo aconteceu quando tive que participar de um seminário na aula de química ministrada pela professora Maria José de Sá Barreto. Confesso que fiquei muito nervoso no momento da apresentação, mas aquele friozinho na barriga me encantou.

Em mil novecentos e noventa e nove, fiz uma prova de seleção para cursar o magistério e fui aprovado. Logo comecei a estudar conseguir superar muitos obstáculos. Foram três anos de muito esforço, dedicação e muitos confrontos entre teoria e prática. O ápice desses acontecimentos se deram no Estágio Supervisionado, o qual realizei na Colégio Municipal Estela Câmara de Dubois, coordenado pela professora Socorro Cabral. O resultado de todo esse esforço culminou-se na minha formatura no ano dois mil e um.

Agora o que me inquietava era a vontade de exercer a profissão e de continuar os meus estudos preferencialmente no curso de Pedagogia. E este sonho veio a se concretizar no ano de dois mil e seis quando ingressei na UESB. Essas opções era uma resposta diante da necessidade mais imediata, em busca de uma realização profissional, da realização pessoal, da inserção política na realidade educacional.

3.1.3 Comecei a Lecionar

No ano de dois mil e dois comecei a lecionar na Escola Estadual Lomanto Junior, a principio no Ensino Fundamental Regular, no qual tive algumas decepções ocasionadas pelo sistema de ensino. Mas sempre comunguei com o pensamento de Paulo Freire: “Somos todos anjos de uma só asa, se não voarmos juntos não chegaremos a lugar nenhum”. Sendo assim sempre busquei superar as dificuldades, lógico que, com a ajuda de meus colegas, grandes profissionais, especialmente, a Professora Vera Lúcia Nery Novaes Rodrigues, educadora nata, que me ensinou que a educação ultrapassa as quatro paredes da sala de aula; e principalmente dos alunos que ao longo de nossa caminhada me mostraram que só precisava de um pouco mais de carinho e atenção. Em meio a esse caminho tive a oportunidade de conviver e aprender com eles. Mas meu principal desafio foi no ano de dois mil e cinco quando fui lecionar no EJA, pois me sentia despreparado para ensinar uma clientela tão desmotivada e problemática.

Confesso que até pensei em desistir do magistério, pois não compreendi aquela situação. Foram várias as conversas e discussões a respeito deste assunto com a vice diretora e amiga, professora Lúcia Ribeiro Rebouças, que sempre me encorajava e me incentivava a seguir em frente, mas para isso seria necessário me qualificar para trabalhar com uma clientela tão especial.

A convite da Professora Cássia Brandão, no ano de dois mil e seis fui participar do Projeto de Extensão Interdepartamental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia que contemplava a formação de educadores de Jovens e Adultos. Confesso que minha expectativa era muito grande devido ao problema que estava enfrentando com as turmas do EJA.

O curso ofereceu um conjunto de componentes curriculares que foi significativo para elaboração de uma visão complexa sobre o fenômeno educativo em especial para jovens e adultos na contemporaneidade. O passeio pelos fundamentos da Sociologia, Psicologia, Filosofia e História foi fundamental para a ampliação da perspectiva multidimensional como base para compreensão dos nexos da educação provocados pelo acesso e interpretação do conhecimento sistematizado nesta área.

Após os primeiros encontros passei a ter uma nova visão a respeito dos alunos do curso de jovens e adultos. Descobri os mesmos como sujeitos, dirigidos por sua visão de mundo de conhecimentos e que estavam inseridos no processos educativo que necessitava de uma prática política social.

O mais interessante foi as experiências trocadas durante o curso com colegas que também lecionavam no EJA e tinha dificuldades semelhantes. O legal é que a partir dessas dificuldades fomos reconstruindo juntos com os mediadores, novas metodologias de trabalho para essas turmas que começaram a dar certo e a mudar o perfil de nossos alunos.

No entanto, em dois mil e seis surge um novo desafio, ser Secretário Escolar da Escola da Criança Ativa, foi um momento propicio, para apreciação da educação por outro viés, inicialmente por neste momento participar da parte administrativa da escola e depois por passar a conhecer a educação privada, que até então não havia vivenciando nenhuma prática nesta. Posso afirma que durante dois anos em que exerce esta função, pude refletir sobres gestão escolar.

Como diz Cazuza, o tempo não para e em dois mil e oito, surge um novo convite e com ele a oportunidade de volta a sala de aula, para mim espaço privilegiado da construção do saber. Passei a lecionar no Colégio Dom Pedro II, uma escola privada a disciplina História, para os alunos de 5ª a 8ª série. Neste período foram muitos os desafios, principalmente por está lecionando, algo que não tinha formação adequada.

Contudo, em dois mil e nove, foi convidado a ser Coordenador Pedagógico da Educação infantil, do Colégio Dom Pedro II, este estar sendo um momento impar em minha vida, pois tem me possibilitado, fazer reflexões sobre a teoria e prática e edificar os conhecimentos que adquirir no curso de Pedagogia da UESB.

3.1.4 A universidade e o curso de Pedagogia.

Ingressar na UESB, foi um momento único em minha vida, pois representava uma série de sonhos, especialmente por conseguir estar em um curso que sempre sonhei fazer, o de pedagogia. Mas afinal o que é mesmo Pedagogia? Essa foi a minha primeira inquietação.

E com os estudos realizados na disciplina História da Educação, ministrada pela professora Elenice Ferreira, e com o confronto entre teoria e prática possibilitado pelo Estágio Supervisionado, pode concluir, que somos convidados a pensar sobre os diferentes conceitos de pedagogia ao longo dos séculos, destacando que a pedagogia atual deve ser uma indicadora de um programa, enquanto um conhecimento específico, um saber complexo a respeito das crianças, da formação delas e dos adultos e das relações disso com a vida social e geral, sendo uma tarefa da pedagogia oficial adaptação mútua entre o homem e a sociedade criando uma cultura contrária ao amortecimento e à insensibilidade, mesmo que se saiba que a insensibilidade é uma marca do mundo contemporâneo.

Assim, seguir caminhando e no segundo semestre com muitas disciplinas, mas no período de estagio, sempre lembrava-me dos ensinamentos da professora Sonilda Sampaio da que lecionou a disciplina Lingüística aplicada à Alfabetização, que nos mostrou a alfabetização no seu contexto histórico social e econômico, visualizado o uso social da leitura e da escrita como elemento de exclusão social e as diferenças proporcionadas por este processo de alfabetização sejam estas sociais ou culturais.

Desta forma, refletir sobre as dificuldades existentes de aprendizagens na alfabetização, constatando as implicações das concepções de linguagens no processo de construção da escrita, assim como as suas variações lingüísticas dentro da sociedade.

Que acabou me levando a repensar os estudos que realizamos neste mesmo semestre com a professora Lélea Amaral, onde pude compreender que a estrutura social refere-se ao padrão numa cultura e a organização através da qual a ação social tem lugar, onde o fenômeno educacional faz-se presente principalmente nas ideologias dominantes que buscam vender a falsa promessa de ascensão social através da educação, para que na verdade o indivíduo se torne um ser alienado reproduzindo os interesses das classes dominantes.

Através das práticas sociais cotidianas pude concluir que o Estado utiliza-se da educação para fortalecer através de ideologias as desigualdades existentes, perpetuando assim a relação existente entre saber e o poder.

Deste modo, pude constar a necessidade de lutarmos por uma educação de cunho transformador, para que a escola possa contribuir para formação do cidadão critíco capaz de intervir na atual sociedade em que vivemos, para que estes possam provocar as mudanças necessárias para a concretização de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos possam ter acesso aos conhecimentos e possam ver suas necessidades, sejam elas primárias e/ou secundárias atendidas.

Contudo, tenho clara a idéia de que a educação não é a panacéia, ou seja, a salvadora da pátria, se faz necessário que outros fatores sejam trabalhos e ofertados a todos os cidadãos conjuntamente para que ocorra esta transformação social tão desejada pela maioria da população.

Assim, posso falar que uma outra disciplina que fez inferencias realativas neste estágio foi a Psicologia da Educação II e III, ministradas no III e IV semestres pela professora Sandra Suely, pois pude evidenciar que a escola, precisa oferecer uma aprendizagem que ocorra através de fatores internos e externos, partindo de idéias mais amplas e inclusivas chegando a idéias relevantes sucessivamente menos amplas objetivando uma aprendizagem significativa e que o aluno deve ser levando em conta no seu âmbito subjetivo conforme defende Freud.

Outra fala que não saia de minha mente, foram às discussões da professora Cácia Rehem, nas disciplinas Didática II e Avaliação, onde ela nos pontuava que para a construção e consolidação de qualquer lei sobre a formação do professor deve começar pela definição de sua identidade. Deste modo não podemos perder de vista que mesmo diante das dificuldades encontradas, é imprescindível ao professor que ele deixe a simples ação de executar se tornado um ser passivo e passe a pensar e/ou repensar a sua pratica se tornado ativo, de forma que ele conheça as questões da educação, nos aspectos histórico, sócio-cultural e conhecer o seu aluno nas questões afetivas, cognitiva e social, refletindo assim criticamente sobre o seu papel e identidade.

A professora Sirlândia, ministrante da disciplina Currículos e Programas, também contribuiu muito significativamente neste estágio, pois sempre enfatizava que uma base importante para a qualidade de ensino é o currículo, por entender que este é o elemento central do projeto pedagógico, pois ele viabiliza o processo de ensino e aprendizagem. Assim sendo a elaboração do mesmo consiste em um processo social, no qual convivem face a face os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e determinantes sociais como o poder, conflitos, propósitos de dominação ligados a fatores relevantes que proporcionam a desigualdade social.

Outro embasamento da escola eficaz é avaliação dos resultados que deve conter, o julgamento do rendimento dos alunos assim como verificação de outros aspectos do currículo e da proposta pedagógica, já que estes devem ser percebidos como um território a ser contestado diariamente, pois e por meio deles que podemos pensar e legitimar o conhecimento.

Por fim, junto com o estágio podemos guarda as reflexões dos professores Paulo Marcelo, que nos falava a todo instante, que já na educação infantil a ciências precisa ser levada a sério e que o professor deve motivar os alunos a pesquisarem e começarem a construir seus próprios conceitos, e a Professora Roberta que nós apontou a resolução de problemas como um recurso em sala de aula, que coloca em foco o trabalho individual e coletivo proporcionando o desenvolvimento da autonomia e socialização, a valorização do desenho, leitura e escrita como importantes instrumentos para aquisição da aprendizagem significativa baseados em conhecimentos específicos sobre suas necessidades e seu desenvolvimento biológico, emocional e cognitivo.

Diante do exposto, posso dizer que durante o curso pode construir muitos conceitos e estrura conhecimentos que me farão atuar de forma seguinificativa, buscando ser um professor reflesivo, vale salientar, que a professora Lilian, responsa´vel pelo Estágio em Educação Infantil, tambem contribui significamente, neste instante tão importante de nossa formação.

3.1.5 E a vida continua...

Esses são os fundamentos implícitos na memória dos fatos vivenciados, que partem dos primórdios de minha relação com o mundo, começando pela minha família passando pelos primeiros passos de minha vida escolar e irrompendo-se no mundo acadêmico. Além disso, há a tentativa de expressar neste texto a minha alegria de sentir-me inserido neste processo dinâmico, instável e rico de possibilidades participado deste estágio Supervisionado. Imensa é a alegria do sentimento de estar acompanhado, de ter compartilhado sonhos, de ter realizado desejos, de ter a tranqüilidade e vontade necessárias para continuar a viver novas histórias junto com outros sujeitos.