PÉ NA ESTRADA
sexta-feira, 16 de julho de 2010
REFLEXÕES SOBRE ESTÁGIO
segunda-feira, 1 de março de 2010
Um pouco de minha essência
Filho de uma família de comerciante de um tradicional bairro de Jequié, o Joaquim Romão. Do lado materno, a referência era a determinação da Jovem Senhora, que só estudara até a 3ª série do primeiro grau, porém trabalhava como balconista no bar de nossa família. Do lado paterno, a referência era a persistência, resistência de um jovem negro que havia ficado órfão de seu pai aos sete anos de idade e que consegui dar a volta por cima e se tornara um pai de família exemplar, apesar de todo o sofrimento vivenciado desde a infância até o fim de sua adolescência. Um excelente pedreiro e um bom comerciante mesmo só tendo estudado até a 4ª série do antigo primário.
Ter nascido desta união tem um significado muito especial, que não pode ser traduzido por qualquer forma de racionalização sobre a minha história de vida, que se concretiza a cada dia vivenciando a minha família, que também é composto pelos meus dois irmãos que me ensina a cada dia uma nova lição de vida e me faz refletir sobre meus valores. Mesmo que o tempo passe e as pessoas mudem, as experiências que são vivenciadas ao longo desta vida, desde a mais tenra idade compõem a nossa própria essência, condiciona e provoca os nossos sonhos, são referências para nossas perspectivas.
Pensando nesta história de vida, a sensação é que não deixei de ser aquela criança com uma infância marcada por limitações de todas as ordens, mas com uma alegria muito grande de conviver com pessoas de diferentes, cores, credos e idades e que provocaram em mim o gosto de sonhar, produzindo novos sentidos para a vida, indo além do que as condições concretas de existência naquela época favoreciam.
3.1.2 A minha amada escola
Entrar na escola foi algo muito marcante na minha vida. Ainda me lembro das primeiras aulas na Escola Belém de Jequié, ministrada pela professora Gel, onde cursei a alfabetização e a primeira série do ensino fundamental. A princípio achava que a vontade e o prazer de estar na escola devia-se a liberdade então proporcionada pela mesma. Logo depois, comecei a perceber que mesmo quando estava em casa a minha brincadeira predileta passou a ser a imitação do que ocorria na sala de aula.
A partir da segunda série tive a oportunidade de estudar em uma escola pública, o Grupo Escolar Professora Floripes Sodré, onde desenvolvi várias habilidades com a ajuda da professora Marilúcia. Porém, tive algumas dificuldades em fonética e ortografia, explicada muito bem por Emília Ferreira.
O tempo passou e em mil novecentos e noventa e cinco. No Colégio Estadual Professor Magalhães Neto engrecei no antigo ginásio, proporcionando uma emoção muito grande. Lá formei a minha personalidade desenvolvendo assim, meu instinto para liderança e a vontade, mesmo com muitas dificuldades de me comunicar oralmente, já que trazia comigo algumas dificuldades ortográficas, fonéticas e neste instante também em matemática.
Algum tempo depois, mais precisamente em mil novecentos e noventa e oito, surgiu a necessidade de minha família mudar-se para o bairro São José, tendo assim de vivenciar o novo desafio de conviver com pessoas até então, totalmente desconhecidas para mim. Agora na oitava série do Ensino Fundamental fui estudar em uma conceituada escola pública de minha cidade, chamada carinhosamente por muitos de IERP (Instituto de Educação Régis Pacheco). Foi lá que descobrir a verdadeira vocação de ser professor. Tudo aconteceu quando tive que participar de um seminário na aula de química ministrada pela professora Maria José de Sá Barreto. Confesso que fiquei muito nervoso no momento da apresentação, mas aquele friozinho na barriga me encantou.
Em mil novecentos e noventa e nove, fiz uma prova de seleção para cursar o magistério e fui aprovado. Logo comecei a estudar conseguir superar muitos obstáculos. Foram três anos de muito esforço, dedicação e muitos confrontos entre teoria e prática. O ápice desses acontecimentos se deram no Estágio Supervisionado, o qual realizei na Colégio Municipal Estela Câmara de Dubois, coordenado pela professora Socorro Cabral. O resultado de todo esse esforço culminou-se na minha formatura no ano dois mil e um.
Agora o que me inquietava era a vontade de exercer a profissão e de continuar os meus estudos preferencialmente no curso de Pedagogia. E este sonho veio a se concretizar no ano de dois mil e seis quando ingressei na UESB. Essas opções era uma resposta diante da necessidade mais imediata, em busca de uma realização profissional, da realização pessoal, da inserção política na realidade educacional.
3.1.3 Comecei a Lecionar
No ano de dois mil e dois comecei a lecionar na Escola Estadual Lomanto Junior, a principio no Ensino Fundamental Regular, no qual tive algumas decepções ocasionadas pelo sistema de ensino. Mas sempre comunguei com o pensamento de Paulo Freire: “Somos todos anjos de uma só asa, se não voarmos juntos não chegaremos a lugar nenhum”. Sendo assim sempre busquei superar as dificuldades, lógico que, com a ajuda de meus colegas, grandes profissionais, especialmente, a Professora Vera Lúcia Nery Novaes Rodrigues, educadora nata, que me ensinou que a educação ultrapassa as quatro paredes da sala de aula; e principalmente dos alunos que ao longo de nossa caminhada me mostraram que só precisava de um pouco mais de carinho e atenção. Em meio a esse caminho tive a oportunidade de conviver e aprender com eles. Mas meu principal desafio foi no ano de dois mil e cinco quando fui lecionar no EJA, pois me sentia despreparado para ensinar uma clientela tão desmotivada e problemática.
Confesso que até pensei em desistir do magistério, pois não compreendi aquela situação. Foram várias as conversas e discussões a respeito deste assunto com a vice diretora e amiga, professora Lúcia Ribeiro Rebouças, que sempre me encorajava e me incentivava a seguir em frente, mas para isso seria necessário me qualificar para trabalhar com uma clientela tão especial.
A convite da Professora Cássia Brandão, no ano de dois mil e seis fui participar do Projeto de Extensão Interdepartamental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia que contemplava a formação de educadores de Jovens e Adultos. Confesso que minha expectativa era muito grande devido ao problema que estava enfrentando com as turmas do EJA.
O curso ofereceu um conjunto de componentes curriculares que foi significativo para elaboração de uma visão complexa sobre o fenômeno educativo em especial para jovens e adultos na contemporaneidade. O passeio pelos fundamentos da Sociologia, Psicologia, Filosofia e História foi fundamental para a ampliação da perspectiva multidimensional como base para compreensão dos nexos da educação provocados pelo acesso e interpretação do conhecimento sistematizado nesta área.
Após os primeiros encontros passei a ter uma nova visão a respeito dos alunos do curso de jovens e adultos. Descobri os mesmos como sujeitos, dirigidos por sua visão de mundo de conhecimentos e que estavam inseridos no processos educativo que necessitava de uma prática política social.
O mais interessante foi as experiências trocadas durante o curso com colegas que também lecionavam no EJA e tinha dificuldades semelhantes. O legal é que a partir dessas dificuldades fomos reconstruindo juntos com os mediadores, novas metodologias de trabalho para essas turmas que começaram a dar certo e a mudar o perfil de nossos alunos.
No entanto, em dois mil e seis surge um novo desafio, ser Secretário Escolar da Escola da Criança Ativa, foi um momento propicio, para apreciação da educação por outro viés, inicialmente por neste momento participar da parte administrativa da escola e depois por passar a conhecer a educação privada, que até então não havia vivenciando nenhuma prática nesta. Posso afirma que durante dois anos em que exerce esta função, pude refletir sobres gestão escolar.
Como diz Cazuza, o tempo não para e em dois mil e oito, surge um novo convite e com ele a oportunidade de volta a sala de aula, para mim espaço privilegiado da construção do saber. Passei a lecionar no Colégio Dom Pedro II, uma escola privada a disciplina História, para os alunos de 5ª a 8ª série. Neste período foram muitos os desafios, principalmente por está lecionando, algo que não tinha formação adequada.
Contudo, em dois mil e nove, foi convidado a ser Coordenador Pedagógico da Educação infantil, do Colégio Dom Pedro II, este estar sendo um momento impar em minha vida, pois tem me possibilitado, fazer reflexões sobre a teoria e prática e edificar os conhecimentos que adquirir no curso de Pedagogia da UESB.
3.1.4 A universidade e o curso de Pedagogia.
Ingressar na UESB, foi um momento único em minha vida, pois representava uma série de sonhos, especialmente por conseguir estar em um curso que sempre sonhei fazer, o de pedagogia. Mas afinal o que é mesmo Pedagogia? Essa foi a minha primeira inquietação.
E com os estudos realizados na disciplina História da Educação, ministrada pela professora Elenice Ferreira, e com o confronto entre teoria e prática possibilitado pelo Estágio Supervisionado, pode concluir, que somos convidados a pensar sobre os diferentes conceitos de pedagogia ao longo dos séculos, destacando que a pedagogia atual deve ser uma indicadora de um programa, enquanto um conhecimento específico, um saber complexo a respeito das crianças, da formação delas e dos adultos e das relações disso com a vida social e geral, sendo uma tarefa da pedagogia oficial adaptação mútua entre o homem e a sociedade criando uma cultura contrária ao amortecimento e à insensibilidade, mesmo que se saiba que a insensibilidade é uma marca do mundo contemporâneo.
Assim, seguir caminhando e no segundo semestre com muitas disciplinas, mas no período de estagio, sempre lembrava-me dos ensinamentos da professora Sonilda Sampaio da que lecionou a disciplina Lingüística aplicada à Alfabetização, que nos mostrou a alfabetização no seu contexto histórico social e econômico, visualizado o uso social da leitura e da escrita como elemento de exclusão social e as diferenças proporcionadas por este processo de alfabetização sejam estas sociais ou culturais.
Desta forma, refletir sobre as dificuldades existentes de aprendizagens na alfabetização, constatando as implicações das concepções de linguagens no processo de construção da escrita, assim como as suas variações lingüísticas dentro da sociedade.
Que acabou me levando a repensar os estudos que realizamos neste mesmo semestre com a professora Lélea Amaral, onde pude compreender que a estrutura social refere-se ao padrão numa cultura e a organização através da qual a ação social tem lugar, onde o fenômeno educacional faz-se presente principalmente nas ideologias dominantes que buscam vender a falsa promessa de ascensão social através da educação, para que na verdade o indivíduo se torne um ser alienado reproduzindo os interesses das classes dominantes.
Através das práticas sociais cotidianas pude concluir que o Estado utiliza-se da educação para fortalecer através de ideologias as desigualdades existentes, perpetuando assim a relação existente entre saber e o poder.
Deste modo, pude constar a necessidade de lutarmos por uma educação de cunho transformador, para que a escola possa contribuir para formação do cidadão critíco capaz de intervir na atual sociedade em que vivemos, para que estes possam provocar as mudanças necessárias para a concretização de uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos possam ter acesso aos conhecimentos e possam ver suas necessidades, sejam elas primárias e/ou secundárias atendidas.
Contudo, tenho clara a idéia de que a educação não é a panacéia, ou seja, a salvadora da pátria, se faz necessário que outros fatores sejam trabalhos e ofertados a todos os cidadãos conjuntamente para que ocorra esta transformação social tão desejada pela maioria da população.
Assim, posso falar que uma outra disciplina que fez inferencias realativas neste estágio foi a Psicologia da Educação II e III, ministradas no III e IV semestres pela professora Sandra Suely, pois pude evidenciar que a escola, precisa oferecer uma aprendizagem que ocorra através de fatores internos e externos, partindo de idéias mais amplas e inclusivas chegando a idéias relevantes sucessivamente menos amplas objetivando uma aprendizagem significativa e que o aluno deve ser levando em conta no seu âmbito subjetivo conforme defende Freud.
Outra fala que não saia de minha mente, foram às discussões da professora Cácia Rehem, nas disciplinas Didática II e Avaliação, onde ela nos pontuava que para a construção e consolidação de qualquer lei sobre a formação do professor deve começar pela definição de sua identidade. Deste modo não podemos perder de vista que mesmo diante das dificuldades encontradas, é imprescindível ao professor que ele deixe a simples ação de executar se tornado um ser passivo e passe a pensar e/ou repensar a sua pratica se tornado ativo, de forma que ele conheça as questões da educação, nos aspectos histórico, sócio-cultural e conhecer o seu aluno nas questões afetivas, cognitiva e social, refletindo assim criticamente sobre o seu papel e identidade.
A professora Sirlândia, ministrante da disciplina Currículos e Programas, também contribuiu muito significativamente neste estágio, pois sempre enfatizava que uma base importante para a qualidade de ensino é o currículo, por entender que este é o elemento central do projeto pedagógico, pois ele viabiliza o processo de ensino e aprendizagem. Assim sendo a elaboração do mesmo consiste em um processo social, no qual convivem face a face os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e determinantes sociais como o poder, conflitos, propósitos de dominação ligados a fatores relevantes que proporcionam a desigualdade social.
Outro embasamento da escola eficaz é avaliação dos resultados que deve conter, o julgamento do rendimento dos alunos assim como verificação de outros aspectos do currículo e da proposta pedagógica, já que estes devem ser percebidos como um território a ser contestado diariamente, pois e por meio deles que podemos pensar e legitimar o conhecimento.
Por fim, junto com o estágio podemos guarda as reflexões dos professores Paulo Marcelo, que nos falava a todo instante, que já na educação infantil a ciências precisa ser levada a sério e que o professor deve motivar os alunos a pesquisarem e começarem a construir seus próprios conceitos, e a Professora Roberta que nós apontou a resolução de problemas como um recurso em sala de aula, que coloca em foco o trabalho individual e coletivo proporcionando o desenvolvimento da autonomia e socialização, a valorização do desenho, leitura e escrita como importantes instrumentos para aquisição da aprendizagem significativa baseados em conhecimentos específicos sobre suas necessidades e seu desenvolvimento biológico, emocional e cognitivo.
Diante do exposto, posso dizer que durante o curso pode construir muitos conceitos e estrura conhecimentos que me farão atuar de forma seguinificativa, buscando ser um professor reflesivo, vale salientar, que a professora Lilian, responsa´vel pelo Estágio em Educação Infantil, tambem contribui significamente, neste instante tão importante de nossa formação.
3.1.5 E a vida continua...
Esses são os fundamentos implícitos na memória dos fatos vivenciados, que partem dos primórdios de minha relação com o mundo, começando pela minha família passando pelos primeiros passos de minha vida escolar e irrompendo-se no mundo acadêmico. Além disso, há a tentativa de expressar neste texto a minha alegria de sentir-me inserido neste processo dinâmico, instável e rico de possibilidades participado deste estágio Supervisionado. Imensa é a alegria do sentimento de estar acompanhado, de ter compartilhado sonhos, de ter realizado desejos, de ter a tranqüilidade e vontade necessárias para continuar a viver novas histórias junto com outros sujeitos.